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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Mário de Andrade em Ribeirão


Fomos convidados pelo Victor, meu enteado, para a grande estréia do opera-coral “Café”, baseada em poema de Mário de Andrade. O evento fez parte da abertura da feira do livro, na bela cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Saímos às pressas de São Paulo na sexta feira, 28/09, enfrentamos trânsito, atravessamos com brio os 300 kilometros até Ribeirão. Quase sucumbimos diante de um ônibus entalado entre os carros na esquina há dez metros do hotel.

Dez minutos para tomar banho, colocar uma roupa adequada ao teatro municipal e enfrentar às duas horas e meia de espetáculo sem janta...


Mário de Andrade escreveu o poema depois da crise da bolsa de NY em 29, esperando que Francisco Mignone o musicasse. A tarefa só foi levada a cabo pelo maestro Koellreuter, que fez uma peça cheia de dodecafonismos mas sem charme.

O poema do Mário trata dos conflitos de terra no Brasil. Colonos de um lado, latifundiários de outro, cada grupo representado por um coral, duelando do início ao fim do espetáculo.
O tema, embora atual, recebeu um tratamento dramático maniqueísta e romantizado.
Os latifundiários insensíveis tentando minimizar os seus prejuízos; Os colonos heróicos tentando fugir da fome.
O segundo ato é o mais moroso, embora seja a melhor parte da partitura, com trechos contrapontísticos interessantes.

Abaixo, um trecho do primeiro ato, chamado “A discussão”.

Os donos (muito a gosto)
- “Lavo minhas mãos. Eis vossos novos donos” (apontando para os comissários).

Colonos
- “Mas quem paga! Quem paga! Quem paga!”

Os comissários e donos:
- “Olha, estamos profundamente tristes”.

Colonos
- “Tristeza não paga dívida”!

Comissários e donos
- “Mas que querei que façamos nós”.

Colonos (tutti)
- “Pagar”!

Comissários e donos
- “Pagar não podemos. Se arranjem”!
etc...
O espetáculo tem momentos inspirados, sem chegar a empolgar. Gostamos em especial do Victor como ator. O pior ficou por conta da falta de ensaios da orquestra e dos três corais, e de um trombone que insistia em não afinar.

O ex-marido da minha mulher, o Sérgio, regeu os três corais na montagem.
Réu em dois processos, um de pensão alimentícia para o filho do ex-casal, e outro patrimonial ainda em andamento, o "ex da minha atual" finaliza seu doutorado, cujo tema foi o poema do Mário.

Fico aqui pensando se ele extraiu todo aprendizado que o texto do Mário pode oferecer. Se trocássemos os personagens nos diálogos, abriríamos o caminho talvez para o seu pós-doutorado.

Vejamos...

“A discussão” (releitura para pós-doutorado)

Ex - marido (muito a gosto)
- “Lavo minhas mãos. Eis vossos novos donos” (apontando para mim, o novo marido).

Ex - mulher:
- “Mas quem paga! Quem paga! Quem paga!”

Ex - marido:
- “Olha, estou profundamente triste”.

Ex – mulher:
- “Tristeza não paga dívida”!

-Ex - marido:
- “Mas que queres que faça eu”?

Ex- mulher:
- “Pagar”!

Ex - marido:
- “Pagar não posso. Se arranje”!

Provocações à parte, o saldo final do trabalho a meu ver foi positivo. É bonito ver artistas de uma cidade do interior de São Paulo, com pouco apoio e muita dedicação, realizando um trabalho tão voluptuoso.

Parabéns a todos, e em especial ao Victor.

Para saber mais:


Até mais!

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