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domingo, 18 de novembro de 2007

Non je ne regrette rien


Foto: Edith Piaf
Recentes estudos acadêmicos analisaram diários de mulheres burguesas do final do século XIX. Nesses cadernos, mulheres vitorianas compensavam em cartas e diários a falta de espaço para a sua livre expressão na sociedade. Testemunhamos um pouco de sua vida interior, seus conflitos, sua preocupação com a decência, dignidade e com questionamentos morais. “Deus, estou mesmo tendo um desejo!” … “Seria isso correto?” “Quero abrir meu coração”, “Como posso saber se o amo verdadeiramente”, etc.Em contraste, os diários das mulheres do século XXI estão escancarados na internet.



expõem sua preocupação com o Silicone, as plásticas, penteados, estojos de maquiagem, academias, tinturas para o cabelo e regimes. “Força amigas, dá trabalho mas vale a pena!”


O desabafo transcrito abaixo é do compositor Herbert Vianna no artigo “Vaidade”. Faço dele minhas palavras...


“Pelo amor de Deus...ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos “lipo-as” e muito mais “piração”? Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu.
Hoje, Deus é a auto-imagem.Religião, é dieta.Fé, só na estética. Ritual é malhação.Amor é cafona, sinceridade é careta,Pudor é ridículo, sentimento é bobagem. Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção.Roubar pode, envelhecer, não.Estria é caso de polícia...
Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal, mas...
Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser.Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude. Que eu me acalme. Que o amor sobreviva... ”
Alexander Lowen , fundador da análise bioenergética




defende que a neurose básica da sociedade na segunda metade do século não é a histeria, como apontou Freud no início do século, mas o narcisismo. Lowen define o narcisismo como a ausência de sentimentos. A vivência do vazio interior. Esse vazio interior é compensado pela busca frenética por auto-satisfação e novas sensações .
Wilber, no clássico “Sex, Ecology, Spirituality


inroduz o conceito de “Flatland”: O culto às superficies. Estamos segundo ele obsecados pelo superficial. Parece que isso começou depois do Iluminismo, cujo objetivo (científico) ultimo era “provar” Deus. Abandonamos a meta, e ficamos com o que dava para “provar”. As superficies do mundo. O mundo dos sentidos e das sensações.
Após assistir ao filme “Piaf – Um hino ao amor”

Pergunto-me se uma mulher feia, pobre, sem pistolão, sem fazer concessões e desengonçada conseguiria espaço no “show business” de hoje. Armada "apenas" com talento, Piaf fez muito mais. Foi ícone internacional! No palco, era o pianista, o microfone e ela. As mãos contidas. O spot de luz incidindo. Nenhum efeito. Nenhuma tecnologia. O rosto escondido e encabulado. De-repente, surgia a voz, com aquele algo...
Nossa superficialidade não combinaria com Edith Piaf. Uma mulher das profundezas. Seu “silicone” enchia a alma!
A história da cantora lembra a carreira de alguns jogadores de futebol, que saem da periferia quase crianças para cair na boca da mídia. Em pouco tempo perdem-se. Parece faltar algo em sua estrutura para lidar com tanta exposição.


Edith teve infância dificil. Sua mãe, abandonada pelo marido que lutava na Guerra, vagava com a menina pelas ruas de Paris atrás de trocados. O Pai a seqüestra para logo abandoná-la com a avó, que comandava um bordel fora de Paris. Alí curiosamente a menina pela primeira vez na vida receberia um pouco de afeto. A vida segue tortuosa até a jovem cantora ser resgatada das ruas pelo proprietário de uma boate ( Gérard Depardieu). Novamente uma decepção. É injustamente acusada de estar envolvida na morte de seu mentor. Viciada em heroína, freqüenta o submundo de Paris atrás da droga, onde vez por outra reencontra o pai.
Edith Piaf, assim como Elis Regina


transcendia o simples ato de cantar bem e transmutava toda a dor de sua vida em surpreendentes interpretações. Como Elis e Holiday, foi gigante. E a dor que a fez gigante acabou por destruí-la. Como Elis. Como Holiday.

O Roteiro me agradou por não deixar a questão das“drogas” monopolizar a narrativa. A música se mantém como o foco da história. Outros filmes sobre músicos como “Bird”http://www.youtube.com/watch?v=fS0M-GjgEi8



embora corretos, perdem o fio da meada e terminam como folhetim anti-drogas.
O filme “Piaf” é soberbo. Destaca-se a atriz Marion Cottilard
que se transfigurou na figura emblemática de Edith.
A cena em que a cantora recebe a noticia da queda do avião em que estava Marcel Cerdan , seu amante, é magnífica. Cuidadosamente montada, nos transporta para dentro de seu desespero.
No final dos anos 50, a cantora planejava uma série de apresentações no Olympia de Paris. Doente , decide cancelar.
Sem expectativas, ouve a canção de um músico novato . “Non je ne regrette rien”(“Não, não me arrependo de nada”). A canção cativa os seus cansados ouvidos, e ela se reconhece naquela letra. (Veja videos de duas versões originais).


Restaria-lhe pouco tempo. Sua aparência aos 45 era a de uma mulher de 70. O final do filme em três "plots" simultãneos segue o velho cliché para filmar a iminência da morte: A cantora “vê sua vida passar diante de seus olhos”. Sua morte é entremeada por lembranças. Da infância. De sua última apresentação.
Piaf morreu aos 47, de Cancer. Nós morreremos sem vê-la. Resta-nos assistir a este fantástico filme, que me tirou suspiros.


Para mais informações sobre “Piaf”, acesse o Site: http://www.edithpiaf.com.br/
Assista belíssima versão de Isabelle Boulay para “Non je ne regrette rien”
No blog oficial , assista Cássia Eller interpretando “Non je ne regrette rien” e outros artigos sobre o filme.



Abraços.

Um comentário:

larica disse...

Po, muito legal André! Um "pequeno" documentário que ainda não li de Edith Piaf. Eu ouvia ela todo tempo durante a minha estada na França! Afinal, a música francesa não é lááá rica como a nossa, ou como o rock INGLÊS (sem querer menosprezar a cópia até que bem feita do rock inglês que o rock americano fez).

Bom, os franceses têm ela, Magma, alguns cantores românticos adorados pelas garotas na época de minha mãe, e duas bandas de música eletrônica (bandas não né? Eles estão mais pra duos) que eu, pessoalmente, adoro: Daft Punk e Justice.

Bom, verdade que eles têm aquelas músicas folclóricas clássicas lindas do século XV, com alaúde, alguns instrumentos de percusão, e flauta, óbvio. Eu odiava aqueles "piccolos". Deus, que som agudo, principalmente quando era uma obra SÓ de piccolo. E... Chopin né? Que é quaseeee um gênio frânces, se não fosse pela primeira nacionalidade dele...

ENFIM! Eu vim aqui para falar do show, mas acabei enrolando bastante, como você pode constar haha. 3 músicas: King of Pain - Police, Born to be Wild - Steppenwolf, Plush - Stone Temple Pilots. Eu, cantando, e o Toni, tocando em um violão. Simples certo?

Voilá, abraços!