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sábado, 6 de setembro de 2008

Em chamas

Chegamos ao prédio há pouco mais de dois anos. Recebidos por um zelador sorridente, que se ofereceu para reformar o apartamento. Vimos um apartamento reformado por ele. Não gostamos. Contratamos outro pedreiro muito melhor. Ficou mais barato e mais bem feito. O sorriso inicial do zelador com o tempo sumiu. Ele é do tipo que se gaba de ser imprescindível. Trabalha aqui há quinze anos. Conhece cada apartamento. Reformou a maioria deles. Mas não o nosso. Por conta da reforma pedi a ele a planta do apartamento. Nunca veio. Fomos mexendo no layout do imóvel. Mudamos a posição do guarda roupa para a parede oposta à original. Com um mês, notamos mofo nos sapatos. Percebemos que a parede não tinha sido impermeabilizada. Questionamos a síndica, que foi evasiva. Depois, um acidente fez o aquecedor do banheiro queimar. Ligamos para o zelador. Não estava. "Nos viramos" como deu com os fusíveis e a fumaceira. Mês depois, uma vizinha dormiu com o gás ligado. Sentimos o cheiro e fomos até lá.
Ligamos para a portaria: “Chama o Zelador!” Não estava. Numa reunião de condomínio, questionei o valor pago ao zelador pela troca das colunas (canos) nos apartamentos. Mil reais cada. “Porque não fazer orçamento com outro fornecedor?” O grupo de moradores ligados à síndica saiu em defesa do zelador: “Ele é ótimo funcionário”. Estranho... Não questionei o funcionário, mas o valor pago a um serviço dele. Comandando o grupo de defesa o senhor do terceiro andar que trouxe ele para cá. E junto com ele o primo, a mulher, o cunhado, o irmão do cunhado. Pedimos o regulamento interno do edifício. Nem sinal. Conseguimos através da administradora. Na cláusula 14: “Não é permitido serviços de funcionários para condôminos.” Questionamos em reunião: “O zelador faz reformas nos apartamentos. Isso é proibido pelo regulamento”. Ouvimos do mesmo grupo de antes: “Não, o que é que tem... Pode sim, não tem problema”. Estranhávamos a atitude desses moradores. Não pareciam defender os interesses do condomínio, mas do funcionário. Sábado à tarde. A Gis me liga e diz que foi agredida pelo zelador. Ao ouvir mal – criações, ela pediu o livro de queixas na portaria. O zelador não só negou como a impediu à força de pegar. Marcamos reunião com a síndica e conselho consultivo para resolver. Conselho não veio. O “grupo de proteção ao zelador” apareceu. A síndica e seus apoiadores tentaram defender a idéia de que uma agressão de funcionário a um morador não é algo grave. Pedimos uma advertência por escrito. Decidiram que uma conversinha bastava. Antigos moradores contaram a Gis muitas histórias de desrespeito e abuso de poder. Moradores antigos têm medo do zelador e do seu grupo. Eles se impõem com agressividade e ameaças. O zelador se gaba de ser da periferia e de seus amigos “donos das quebradas”. “Pago pinga para eles”. É o seu jeito de dizer: “Não mexa comigo senão eu chamo eles”. O cara controla tudo, realiza todas as obras e ganha muito dinheiro. É ajudado por seus parentes - empregados. Acha-se o dono do pedaço. Recebe apoio do tal grupo de moradores, que ou são ingênuos ou tem ganhos com comissões nas obras. Puro Brasil. Ninguém nunca teve a voz para confrontar essa troupe . Ninguém até agora. A Gis vem questionando - os nas reuniões de condomínio. As “velhinhas” agora têm freqüentado as reuniões. Sentem-se fortes. Contam com sua nova porta-voz. Eu, relutante, resisti a ver o problema. Não queria a Gis envolvida. Não queria me envolver tampouco. Não teve jeito: Para mudar, temos que assumir responsabilidade. Se não somos vencidos pela preguiça, se não fechamos os olhos, se não somos covardes, temos que agir. É a lição da Gis para todos nós. Seu passo seguinte foi articular sua candidatura à síndica. Visitou apartamentos, angariou apoio, conversou com todo mundo. Quando a máfiazinha percebeu, era tarde. Tentaram emplacar uma candidata. Depois outra. Fizeram reunião às escondidas, traçaram estratégias, imprimiram folhetos acusativos, cantaram vitória antecipada. Para desespero do bando, a Gis venceu por 24 votos a 21 numa noite memorável. Nunca uma eleição de síndica tinha mobilizado tanto o prédio. A aventura da síndica começou. Não sabemos como acaba. Sabemos isso: Sem golpes baixos e com as regras respeitadas as coisas vão mudar por aqui. Funcionário agora é para trabalhar. As Festas da hora extra, as reformas do zelador, as caixinhas, os jeitinhos, vai tudo acabar. Para alguns, é o fim do trem da alegria. Para nós é o trem da democracia. Desejem sorte. Abraços.

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