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domingo, 11 de julho de 2010

Meu burro

"O Brasil ficou entre 8 melhores do mundo no futebol e ficou triste. É 85º em educação e não há tristeza" -  Cristóvam Buarque, comentando o desempenho do Brasil na Copa da África. Ao lado: Charge do Laerte.



Às vezes me questionam sobre o mito do músico profissional. Em geral, a pergunta toma essa forma: Porquê, sendo um músico, você abraçou a carreira de professor? Segue aqui uma reflexão.
Comecei a tocar profissionalmente em 91. Larguei um seguro emprego de produtor da TV Bandeirantes para me aventurar na noite de São Paulo. Logo ficou claro a contradição da profissão: Quanto mais estudamos música, mais gostamos de tocar coisas diferentes, mais difíceis, mais interessantes do ponto de vista musical. E aí vamos trabalhar como músicos. No mercado, quase não tocamos o que gostaríamos de tocar. Há bons músicos que tem estômago forte para trabalhar com todo tipo de lixo sonoro sem se incomodar. Dependendo da paga. Ou para investir o pouco tempo que sobra no som que realmente gosta de fazer. Em nome do sonho. Músicos são pessoas românticas.  
Não é o meu caso.
Com o passar do tempo a minha frustração aumentou e comecei a me entediar, para em seguida odiar o meu trabalho. Aquele que era para ser amado. Aquele pelo qual briguei com o mundo e pelo qual larguei tudo.
Nesse ponto, revelou-se o paradoxo do músico profissional: Ganhar dinheiro tocando o que odeio, ou passar fome tocando o que  amo ?
É lógico que a solução do meu paradoxo passa pela educação. Nesse caso, a educação musical. Educação musical do público. Educação musical da população. Educação musical na escola. Investir em gente. Em mais gente que goste de Música com M maiúsculo. 

Em 96, fui dar aula. E gostei dessa vida mais do que da outra. E amarrei meu burrinho nesse galho. 
Comecei a ganhar mais dinheiro. Só que agora trabalhando com música de qualidade.  Problema resolvido. Logo a patrulha do senso comum contrariado começou a pegar no meu pé.  Como assim dar aulas?  Meus antigos amigos músicos não engoliram a coisa. O grito não declarado por trás da reclamação: Traidor!  Frustado!  

Ninguém entendeu nada.


Enquanto isso, dando minhas aulas fui conhecendo outros professores. 
Professores são bons sujeitos.  Bem resolvidos, também gostam de estar no palco. São faladores (às vezes um pouco demais para o padrão de um músico). Aparentam resignação frente a seu pouco valor na Bovespa das Profissões. Trabalham por seus princípios e valores. Assim como os músicos, não têm uma auto - estima lá muito alta. Diferente destes, lidam bem melhor com este fato. Nenhum deles escolheu sua profissão pensando em ficar ricos. No ambiente de trabalho de músico presenciamos muito a  estupidez humana extravasada. No trabalho de professor atuamos  pela estupidez transformada.

O músico, assim como o jogador de futebol, busca refazer a trajetória mítica do herói. O sonho como alimento. A necessidade de aceitação como gasolina. Ser amado por milhões. Quando se lançam animados na corrida, ninguém sabe queum espermatozoide vai fecundar o óvulo.  Como no futebol, o vencedor nem sempre é o mais apto, mas quem tem o apito amigo. Músicos além de competentes precisam ser grandes puxadores de saco para fecundarem o óvulo do sucesso.


E a educação no Brasil?  com e minúsculo. Sinônimo de fracasso. O olhar desdenhoso da sociedade parece sugerir: Se você escolheu ser  educador só pode ser porque você não é tão bom naquilo que faz. A visão do magistério como depósito de fracassados.  Meu burrinho nunca perdeu o sono por conta disso.


Que tristeza, hein seu Cristóvam. 
Fracassado é o país que pensa assim.

4 comentários:

Aikatherina Papadimitrius Catsori disse...

Love you & assino embaixo.
Andrea Mader Almeida de Miami

Andre Barreto disse...

saudades! Bjos.

Jefferson Garrido disse...

Nossa Andre, lendo este post tive a nítida sensação de ler um artigo sobre minha trajetória e filosofia de trabalho.

Andre Barreto disse...

Bom ver você por aqui, Jeff. Grande abraço!