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domingo, 2 de março de 2008

O educador - piloto


Foto: Escola pública americana do início do séc. XX.

Em 1983 uma comissão governamental americana publicou artigo intitulado “A nation at risk”,http://www.ed.gov/pubs/NatAtRisk/index.html

assumindo a existência de uma grave crise no sistema de educação. O estudo revela crescente onda de mediocridade nas escolas públicas do país. Visualiza o futuro da economia ameaçado pela massa de cidadãos cada vez menos preparada.

Esse relatório iniciou amplo debate no país:


Governadores, empresários e líderes de negócios encontraram-se para discutir a "crise".

Formou-se aos poucos o consenso de que todos os estudantes americanos de qualquer origem étnica deveriam ter acesso a escolas de qualidade. Todos deveriam estar capacitados a entrar numa boa universidade.

Um rigoroso programa acadêmico começou a emergir; Uma série de novas iniciativas começou a tomar forma, em nível local, estadual e nacional. No começo dos anos 90, a reforma educacional já era prioridade maior para os governos estaduais daquele país.

Em 2001, com a legislação “No child left behind”,
http://www.ed.gov/policy/elsec/leg/esea02/index.html

o governo federal assumiu autoridade sem precedente sobre todas as escolas públicas.

O resultado de todo esforço e boa vontade foi pífio , como mostrou os estudos do NAEP (National Assessment of Educational Progress).

http://nces.ed.gov/nationsreportcard/


Em doze anos nos níveis fundamental e médio, os resultados em matemática tiveram alguma melhora. Nas competências “Leitura e escrita” não houve melhora perceptível desde 1980.
A porcentagem de alunos de 12º ano com avaliação “abaixo do básico” em leitura e escrita aumentou de 22% (1980) para 26% (1992).
Um resultado frustrante, quando confrontado com o enorme investimento da nação.

Poderia a “falha” da reforma educacional ter sido decorrência de falha na compreensão da natureza do problema?
Será mesmo que a escola "piorou"? Ou será que continuou fazendo o que sempre fez enquanto um novo mundo emergia, com novas demandas, deixando-a para trás?

O termo “Reforma educacional” tem sido universalmente usado para ilustrar os esforços dos governos e comissões em melhorias educacionais diversas. O termo “Reforma” define que em algum ponto no passado as coisas iam bem e que tudo o que é necessário para as coisas voltarem a estar bem é uma série de melhorias e ajustes no sistema. Na reforma, o sistema em si não é questionado, mas melhorado.

O termo "Reforma" também inclui a premissa de que os educadores já sabem o que fazer para ensinar melhor os estudantes.

Os resultados desastrosos da reforma educacional americana suscita uma pergunta: O sistema educacional em uso é adequado para o mundo globalizado do século XXI?
O sistema público de educação foi deliberadamente desenhado para funcionar como um tipo de “máquina”. A economia industrial do início do século XX precisava apenas de um pequeno número de cidadãos graduados em nível superior. Doutores, engenheiros e advogados. Nos anos 50, nos EUA, apenas metade dos estudantes terminavam o ensino médio.

Nos anos 60, a maioria dos trabalhadores em nível gerencial não tinha diploma universitário.

Ao longo do século XX, estudantes com apenas ensino médio completo eram capazes de conseguir e manter estáveis e bem pagos empregos de classe média.

Tanto a economia industrial quanto os empregos seguros, antes abundantes, estão rapidamente desaparecendo.

Assim como o modelo de escola do final do século XIX, a “Casa – grande sala de aula” (Ver imagem acima) tornou-se obsoleta frente ao modelo “escola – fábrica” do Séc. XX, a escola de hoje ficou obsoleta frente à demanda da economia informacional e precisa ser rapidamente reinventada.
Em seu trabalho sobre liderança pública, Ronald A. Heifetz

http://books.google.com.br/books?id=B991NiiS9GcC&dq=leadership+without+easy+answers&pg=PP1&ots=hO4wF7C3Y1&sig=ajPp86pTZ0EGFt-SAadSis_SUOk&hl=pt-BR&prev=http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=leadership+without+easy+answers&sa=X&oi=print&ct=result&cd=1&cad=legacy

faz uma distinção fundamental entre “desafio técnico” e “desafio adaptativo”.

“O desafio técnico é aquele em que a solução é previamente conhecida". Tanto o conhecimento quanto a capacidade de resolução do problema já existem.

Isso não significa que ele seja fácil ou simples. Aprender a remover um apêndice é um bom exemplo de um desafio técnico extraordinário.

O desafio adaptativo por outro lado é aquele que o conhecimento necessário para se resolver o problema ainda não existe.
Para este, é preciso que se crie tanto o conhecimento quanto as ferramentas para a sua resolução no ato de trabalhar com ele!
Heifetz defende que tal ato criativo requer a organização e a capacidade de olhar e agir de forma diferente. Para este autor, quando indivíduos ou organizações encontram desafios adaptativos, acabam se transformando também durante este processo. Ao inventarem uma nova solução adaptativa, reinventam-se juntos.


Extrapolando a discussão para além dos EUA, é formidável e sem precedentes o desafio das escolas de nossa época. Seu desafio tem natureza adaptativa, e as soluções estão sendo descobertas na prática pedagógica de professores e escolas, muitas vezes às apalpadelas. Assumir esse "não saber" é crucial para o avanço e busca do novo conhecimento. Ao mesmo tempo é constrangedor para um educador assumir um "não saber" na área profissional em que mais há a exigência do saber.
Imagine que peçam a você que reconstrua o avião enquanto você o está pilotando! Fazê-lo seria difícil em quaisquer circusntâncias. Mas a coisa se complica ainda mais porque o "educador-piloto" recebeu o seu treinamento apenas para pilotar o avião como ele é hoje!
Abraços.

(Reflexão sobre o Capítulo Um do Livro "Change Leadership", de Robert Kegan e Tony Wagner. Jossey-Bass. 2006).

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