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quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Graça e Coragem

Neste exato momento, enquanto escrevo estas palavras, uma boa amiga permanece internada no hospital, recuperando-se de uma recaída em sua saúde, em virtude de um câncer recente de pulmão originado por um câncer anterior de mama. Apenas quem já viveu essa tragédia sabe como é difícil lidar com essa doença. Temos preconceito em relação à morte e não gostamos de lembrar o fato de que todos morreremos um dia. Penetrei um pouco no universo do câncer através de uma profundamente tocante leitura que fiz em maio deste ano: “Grace and Grit”, de Ken Wilber. Este livro, que recomendo com o maior louvor possível, foi agora traduzido pelo meu amigo Ari Raynsford e está sendo publicado pela editora Gaia http://www.ariray.com.br/saladeleitura.htm O lançamento será na livraria Arjuna, na Vila Madalena, no dia 21/11/07, às 19h:30, com palestra gratuita do Ari. É preciso confirmar presença. http://www.livrariaarjuna.com.br/eventos.php Posto também uma pequena resenha minha da versão americana do livro, no final dessa  postagem. Ken Wilber http://www.kenwilber.com/home/landing/index.html é o autor acadêmico mais traduzido dos EUA. Entretanto, não é por seu trabalho acadêmico que ele recebe o maior numero de cartas de seus leitores, mas por este fantástico livro. Cartas como esta, extraída da introdução da edição americana: “Querido Ken Wilber. Tenho quatorze anos. Desde pequena sempre tive muito medo de morrer. Li a história da Treya e desde então não tenho mais medo de morrer. Escrevi esta carta apenas para te dizer isto”. Wilber andava solitário e infeliz no início da década de 80. Já autor consagrado no mundo da psicologia transpessoal, sua pesquisa explorava aspectos da antropologia, sociologia e física. Com 10 livros escritos, estava a caminho de uma síntese intelectual conhecida como “Wilber - fase quatro”. Para entender em detalhes a sua incrível trajetória intelectual e pessoal antes dos acontecimentos narrados em “Grace and Grit”, leia o texto “Odisséia – Uma investigação pessoal sobre a psicologia humanista e transpessoal” . http://www.ariray.com.br/saladeleitura.htm Os amigos Roger e Francis Vaughan resolveram ajudá-lo. Chamaram-no a sua casa na Califórna para tentar encontrar uma namorada que combinasse com o “incombinável” Wilber. Depois de tentativas desastradas, acidentalmente ele conheceu aquela que seria (e segundo ele próprio ainda é) o grande amor de sua vida. Treya. O livro inicia com o encontro de Wilber e Treya. Conheceram-se numa festa. Meio sem querer, ele a abraçou e os dois sentiram intuitivamente que tinham encontrado um tipo de “alma gêmea”. Apaixonaram-se à primeira vista, e ele a pediu em casamento 10 dias depois desse encontro. Treya morara três anos na comunidade de Findhorn http://www.findhorn.org/ na Escócia e ajudara a fundar a comunidade de Windstar, no Colorado, EUA, junto com o cantor John Denver. http://www.wstar.org/ Durante um check-up, Treya detectou um nódulo nos seios, mas mesmo assim seguiu com os seus planos para o casamento. A viagem de lua de mel foi cancelada na véspera com o diagnóstico do Câncer. O livro segue contando como o casal lidou com a situação, cujos desdobramentos ficariam cada vez mais dramáticos. A batalha durou cinco anos. Treya tinha o pior tipo possível da doença, aquela que insiste em reaparecer, mesmo após aparentes melhoras ocasionais. Foram muitos momentos de esperança e de revolta. Muitos os tratamentos utilizados, convencionais e alternativos, disponíveis na época. Destaca-se na narrativa o episódio em que Wilber pára de meditar e entrega-se o álcool, em desespero. Descrições de retiros de meditação e o contato com mestres tibetanos (como Trugpa Rinponche e Kalu Rinponche). O episódio em que Wilber recebe “energia” das mãos da curadora americana Chris Habib. As reflexões de Wilber sobre o que significa ser uma “pessoa de suporte” e sobre o conceito de cura do movimento “New Age”, estilo “Você pode curar sua vida”. As aventuras de Wilber e Treya na Alemanha; Seus passeios noturnos, a visita ao bordel, o encontro com Capra, a viagem a Paris. O livro é contado sob dois pontos de vista: O diário de Treya (Parte de sua prática para manter sua motivação durante o tratamento) e a narrativa posterior de Wilber. A última parte do livro é especialmente intensa. Treya enfim decide morrer, e pede o apoio e a compreensão do marido. A descrição dessas últimas 48 horas é tocante e profunda. O livro adquire uma aura mística, conforme nos aproximamos dos momentos finais de Treya. John Rowan, importante autor inglês de psicologia transpessoal http://www.johnrowan.org.uk/ escreveu em seu clássico “The transpersonal” http://www.johnrowan.org.uk/background_transpersonal.html que “Grace and Grit”é o melhor livro sobre meditação que existe (Bem, “The tranpersonal” foi escrito em 1993. Acho o trabalho de Alan Wallace sobre meditação mais didático. Mais direcionado que “Grace and Grit”). Achei na internet matéria sobre Jennifer Aniston (A “Rachel” do seriado “Friends”), e a notícia de que o livro “Grace and Grit” será em breve adaptado para o cinema. http://www.cinematical.com/2006/07/20/jennifer-aniston-getting-friendly-with-ken-wilber/ Ao chegar ao final do livro, sentimos uma sensação de gratidão por estar vivo e um sentimento de compaixão por quem sofre com qualquer doença. Termino enviando uma oração de melhoras para a minha amiga. Desejo que você melhore logo, aprenda muito com essa difícil experiência e que esteja em breve conosco novamente, para ensinar a nós todos a graça e a coragem verdadeiras. Bjs.

Meu resumo de Grace and Grit:

 

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