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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Tio Sam e a nossa batucada

Mr. Don Beck. PUC, 29 de maio de 2008. Foto de Frederico Porto.
Chego a PUC por volta das 09h30minh. Estou Atrasado. Na porta do elevador, dou com o Frederico Porto. http://www.integracaohumana.com.br/
Terno e gravata. Malinha a tiracolo. Pensador ligeiro, do tipo amarelo. (Não, o cara não é asiático. continue lendo para entender...)Fazia uns anos já que não nos víamos. “Andre, não é...”, arriscou. Fiquei espantado com o poder da memória dele.
Participamos juntos de alguns workshops integrais. Sempre admirei seu entusiasmo pelo conhecimento e seu otimismo transbordante, o que o faz uma companhia muito agradável.
Era óbvio que estávamos ali para o mesmo evento. O encontro reservado com o Don Beck. De passagem por São Paulo, Don deu uma palestra aberta ao público na PUC no dia anterior. No dia seguinte, o Ari Raynsford http://www.ariray.com.br/
organizou um encontro menor, com alguns profissionais que conhecem ou usam a abordagem da “Spiral Dynamics”. Senti-me honrado e grato pelo seu convite. Certamente aquela seria uma manhã memorável.
Seguíamos conversando eu e Frederico pelos corredores da PUC:
Contou-me no caminho que ele foi o primeiro a trazer o Don Beck há 15 atrás ao Brasil. “Ninguém ainda tinha ouvido falar em Dinâmica da Espiral”!(Não que hoje muita gente conheça. Mas a teoria integral de Don está aos poucos chegando por aqui. Oscar Motomura, Frederico me contaria mais tarde, já está usando a abordagem em seu trabalho de educação de executivos http://www.oscarmotomura.com.br/). Além de Don, Frederico também não esconde a admiração pelo antigo parceiro: Chris Cowan. “O Cowan é intelectualmente mais preparado. O Don é mais o ativista; O cara que vai aos lugares, dá entrevistas e aparece na foto”... “Parece que o Chris não gostou do livro “Boomeritis”http://www.ariray.com.br/saladeleitura.htm
e do tratamento que o Ken Wilber deu à teoria da “Spiral”. O conceito de “mean green" , ou “nível verde contaminado pelo nível vermelho”. Chris também não gostou da inclusão de níveis transpessoais na espiral. “Parece que isso foi o mote da separação entre os dois, por volta de 2003/2004”...Seguimos pelo corredor.
Antes de chegarmos ainda deu tempo de me contar sobre o software que está mapeando a população da Islândia usando a teoria da “Spiral”.

Chegamos. Era a última sala do centro de estudos avançados. Último andar da PUC. Ali, à espera, um grupo de cerca de 30 pessoas, uma mais interessante que a outra. Ari Raynsford, o organizador do evento, circulava entre os convidados. Por ali, o Moacir Castelani, o dono do domínio http://www.kenwilber.com.br/
Antes de começar, troquei algumas figurinhas. Uma das coisas mais legais desses eventos é conhecer as pessoas, raras, que já conhecem ou trabalham com essas novas abordagens. Conheci a Maria Del Mar (psicóloga. Tem um grupo de "terapia integral" no Tatuapé, e trabalha com várias abordagens; A Racily, que trabalha com uma versão do“Diamond Approach”; O Fábio Novo, Psicólogo e aspirante da teoria integral com espaço na Vila Madalena. O Moacir Castelani me apresentou a duas professoras - ativistas da zona oeste , que usam a abordagem integral para falar de consciência ecológica com seus alunos.

No centro do evento, velho, mãos trêmulas, pescoço duro, o cara: Don Beck.Parceiro de Ken Wilber e co-fundador do Integral Institute http://integralinstitute.org/ . Criador da Spiral Dynamics http://www.spiraldynamics.org/ , junto com Chris Cowan. Consultor de Nelson Mandela no processo que culminou no fim da Apartheid na África do Sul. Seguidor de Claire Graves (um “Gravesiano”, poderíamos definir...).
Durante a década de sessenta, Don contou que saiu em busca de uma teoria de desenvolvimento humano tão ampla e integradora que incluísse ao mesmo tempo aspectos biológicos, culturais e psicológicos. Estudou cerca de 42 modelos até optar pela abordagem de Claire Graves. Junto com Chris, escreveu o hoje clássico livro onde cunhou o termo “Spiral Dynamicshttp://books.google.com.br/books?id=ibIPHOsOJbwC&dq=Spiral+Dynamics+the+book&pg=PP1&ots=CUq9zUL3N3&sig=PzJnQM1m-zAjE7JtlQSwRPunGTY&hl=pt-BR&sa=X&oi=book_result&resnum=1&ct=result#PPA3,M1 . Seu portfólio de clientes inclui a ATT, a Southwest Airlines, o Westbanks.
Don viaja pelo mundo divulgando esse novo jeito de entender e pensar o ser humano. O pensamento por níveis-quadrantes. Um jeito que honra a enorme complexidade do assunto. “Para entender o fenômeno do humano”, diz Don, “é preciso aprender a pensar sistêmica e multidimensionalmnte”. E é isso que o modelo da Espiral ajuda a fazer.
Assim como o DNA guarda nossas informações biológicas constitutivas em “genes”, possuímos códigos culturais que guardam nossas informações culturais constitutivas: Graves chamou esses códigos culturais de “memes”. Funcionamos todos, segundo a teoria, de acordo com nosso “código genético - cultural". Esses códigos, como na “trilogia Matrix”, determina o que pensamos, o que queremos, quem somos. Segundo os estudos de Graves, os “memes” são válidos em todas as culturas humanas, com algumas variações de timbre e de intensidade. Em seu mapeamento, Beck e Cowan utilizaram cores: Bege, roxo, vermelho, azul, laranja e verde (Memes de primeira camada, ou iniciais).


Os memes evoluem hierarquicamente, a partir de suas contradições internas. Uma vez estabelecido, o código memético determina os valores culturais e sociais gerais de uma pessoa. Isso significa que esta contestará sistematicamente outros memes, ou grupos de pessoas com valores diferentes. Esse fenômeno só é superado quando alcançamos, segundo Beck, os memes de segunda camada, amarelo e turquesa. Estes são mais integrativos, compassivos, mas ainda muito raros de se encontrar.
Com o Don no meio da roda, o microfone rodava para as nossas perguntas.
O homem estava bastante relaxado. Contou piadas e começou afirmando que não se considera um filósofo, e sim um ativista.
Durante nossa conversa Beck se revelou um pensador amarelo com fóco verde, já que nosso grupo era bastante laranja. É um americano verde amarelo ! É o Tio Sam que veio para ver a nossa batucada...Afirmou seu interesse em estudar o que promove a transformação ou facilita a passagem de um nível da espiral para outro. Ao mesmo tempo, disparou: “Não tenho a pretensão de mudar ninguém. Quero sim construir “habitats” onde uma emergência natural entre os níveis possa ocorrer". (Lembrei imediatamente da idéia da “Natural Therapy”, de Robert Kegan. Proposta semelhante por caminhos diferentes).
Em pouco mais de uma hora, expôs sua metodologia básica de trabalho: "Não saio por aí mostrando a espiral. Escuto o discurso do grupo humano a ser estudado e analiso: “Ah, esse discurso parece laranja com uma sobreposição de verde! Então, para me comunicar com aquela pessoa, elaboro meu discurso usando a “linguagem memética” verde com motivos e justificativas laranja”.
As perguntas giravam em torno de economia, ecologia, do futuro do planeta, das eleições americanas. Don respondia contando suas experiências profissionais.
Para os convidados com inclinação “Laranja”, Don introduziu o conceito de “lucro responsável”. Para os mais “Verdes”, como eu, trouxe exemplos do uso educacional da espiral na mídia. Apresentou-nos os “Ecopals”, http://www.ecopals.com/index.html
Personagens de “cartoons”, criados com objetivos educacionais (Cada personagem representa os diferentes níveis, tanto na versão saudável quanto na patológica do “meme”. Cada um fala num “código memético” próprio – Será que pega? Pareceu-me meio sem graça...).
Quando o microfone veio para o meu lado, pedi a Don que nos ensinasse alguma técnica de trabalho com grupos, para usar em contexto de terapia e/ou escolas. Ele não entendeu a pergunta, mas contou sobre um trabalho que fez em Boston com escolas públicas problemáticas. Pesquisou e percebeu que os estudantes (vermelhos) não sentiam ligação com a escola. Então criou um acampamento (criação de “habitat”) sobre o tema “O senhor dos Anéis” (linguagem mítica - Roxa), com o objetivo de criar vínculo entre os jovens e a instituição.
Alguém perguntou como um profissional pode escolher a teoria mais adequada para trabalhar, Don respondeu: “Teorias são como martelos procurando por pregos que se adaptem a ele. Mas nós somos como pregos procurando martelos (teorias) que se adaptem a nós”.Na volta, dividi o taxi com o Frederico em direção à zona sul da cidade. Fomos dissertando sobre nosso tema preferido: Como transformar os bolsões populacionais púrpuras e vermelhos em grupos humanos azuis (O problema “memético” do Brasil por excelência).

“Não adianta impor a mudança de cima para baixo como fazemos”, argumentou. “É preciso descer lá no vermelho e começar a construir a partir de lá, juntos. O vermelho não aprende com punição, mas com recompensa.”Frederico chamou minha atenção para o absurdo que são do ponto de vista da espiral, os desenhos do “Cartoon Network” tipo “Pink e Cérebro”. “Eles não estabelecem claramente o “meme azul” nas crianças. Então elas estão crescendo sem uma introjeção psicológico-cognitiva clara da dualidade “bem-mau” (Essência do “meme” azul). Esses desenhos confundem as crianças e colaboram para a atmosfera “Boomeritis” (Governo verde, população vermelha) que é o tom, infelizmente, da nossa sociedade hoje.
Deixei o Frederico no Brooklin e segui para a escola. Minha cabeça fervilhava com idéias, conexões e conceitos apreendidos do encontro. Sentia-me feliz e privilegiado. Contemplava o fenômeno da evolução humana a uma distância suficiente para apreender vagamente o seu significado. E quando fazemos isso, a conclusão é óbvia: Estamos caminhando do simples em direção ao complexo. Se vamos sobreviver como espécie neste planeta, não sei. Vai depender da nossa capacidade de resolver nossos problemas. E eles estão tão intrincados hoje em dia que precisamos reaprender a pensá-los. Na linguagem da espiral, é preciso “Mudar para uma visão de segunda camada”. Apreender e transitar pela totalidade, sem reduzí-la em sua diversidade.
Abraços integrais.
Para um resumo da teoria da Dinâmica da espiral, acessehttp://bcpandrebcp.blogspot.com/2008/07/dinmica-em-espiral.html

4 comentários:

Unknown disse...

OI André, é o Fernando. Muito bom eu ter lido sua postagem. Me esclareceu muita coisa. Adorei o desenvolvimento em espiral e achei que tem bastante concordância com a "esquizoanálise" do Guatarri. Obrigado. Parabéns pelo blog. muito bom.

Andre Barreto disse...

Obrigado pela visita, Fernando. Muito me alegra. Respeito muito seu ponto de vista.
Vou procurar me informar sobre a Esquizoanálise.

Abraço.

Anônimo disse...

por favor me enviar endereço eletronico de luiz walter de souza , teu companheiro, produtor da verbo filmes.obrigado.

Andre Barreto disse...

Boa noite. Não entendi direito. Você é o Walter? Ou você quer o email do Walter? Eu não tenho o email dele. Gostaria de ter. Se você conseguir por favor me informe, OK?
Abrço.