Não tenho alunos com deficiências físicas. Sobram-me, entretanto casos de hiperatividade, dislexia e déficit de atenção. Começemos. A ala verde - Xiita (Spiral Dynamics - http://bcpandre.blogspot.com/2008/07/memes_17.html) da educação inclusiva festeja: Vamos incluir a todos. A todos, desde que você concorde com eles. Experimente discordar para ver o que acontece. Os defensores mais vorazes da inclusão não dão aulas. Podem se dar ao luxo de um romantismo - idealismo que está à quilometros do caos da sala de aula. O subtexto da lei da educação inclusiva segue a cartilha da vitimização: Prega que pessoas com necessidades especiais são discriminadas na sociedade. Foram lesadas e devem portanto ser reçarcidas. A política da inclusão é mobilizada por essa mea - culpa reparadora. É uma concessão benevolente: Nós, a sociedade, batemos muito na pobre coitada. Vamos deixá-la brincar um pouco com as crianças normais no lado iluminado do parque. Há arrogância mal disfarçada, e preconceito recalcado. Não valorizamos realmente o diferente. Concedemos a ele o direito de estar em nossa nobre companhia. É a mesma burrice por trás das cotas raciais nas universidades, que, com a desculpa inclusiva, exacerbam o racismo, ao invés de combatê-lo. O diferente deveria ter o mesmo valor aos olhos da sociedade e da lei. Longe disso. Se assim fosse, não haveria tanto mal estar ideológico com a idéia das escolas especiais. Aprender a valorizar o diferente sim, mas não à custa de seu bem estar nem fingindo que não há diferença. Olha o equívoco Xiita básico: A premissa de que a diferença desvaloriza a criança. A criança com necessidades especiais deveria estar desde sempre em contato lúdico com a comunidade. Mas na sala de aula? Minha prática me obriga a questionar. Não dá certo. Sentimos isso claramente, eu e meus colegas educadores, que com medo não falam sobre o assunto. É frustrante para um educador honesto dar seu máximo e ver que não foi suficiente. A lei mudou, o sistema não. A lei inclui e o sistema exclui, como tudo no Brasil. O que isso faz com a criança? Agrava seu sentimento de exclusão. Ela se sente inferiorizada quando percebe, por exemplo, que não acompanha o ritmo da classe. Aumenta também o preconceito dos outros alunos, pois estes se ressentem dos privilégios concedidos (como mais tempo para terminar uma prova, do atraso geral da matéria, do tratamento “café com leite”, etc.). O tratamento diferenciado indulge a criança incluída, que aprende rápido a manipular sua condição para tirar vantagens. Esse trato especial gera inconsistência pedagógica ( Se ele pode eu também posso) e mina a confiança e senso de justiça na relação professor – classe (Porque ele pode e nós não?) . Meu ponto central: As crianças têm necessidades especiais que não estão sendo cuidadas, não importa quão maravilhoso seja o professor. Ao seguirmos a cartilha, fechamos os olhos na prática para essas necessidades. Um paraplégico não deve abandonar a cadeira de rodas para subir escadas com o resto da turma. Ele não vai conseguir e a turma vai se atrasar. O paraplégico precisa é de uma rampa! (Exemplo explêndido de um colega educador). O que me assusta nos defensores da educação inclusiva é a recusa sistemática em reconhecer benefícios na abordagem das escolas especiais. A recusa em perceber a diversidade de situações, de reconhecer que às vezes incluir é bom, às vezes não é. Em reconhecer que escolas especiais podem atender melhor as necessidades, não suas ou minhas, mas daquela criança. A lei da inclusão disfarça o real desinteresse do estado pelo assunto. Assim como patrocina um sistema carcerário que mantêm bandidos na rua para não ter que investir em cadeia, o estado patrocina a educação inclusiva para não ter que investir em escolas especiais caras e que requerem gestão. Colocando todos no mesmo saco, fica melhor para todo mundo. O estado gasta menos, a escola ganha mais, os profissionais da área (psicopedagogia, psicologia educacional e afins) garantem mercado. Estamos esquecendo alguém? Ah, sim, as crianças... O professor que se vire com elas. Se quiser debater estarei aqui. Saudações politicamente incorretas
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segunda-feira, 9 de março de 2009
Implosiva
Serei criticado por escrever isto. O assunto desperta paixões. E se a paixão é demais, a cabeça não pensa direito. Educação inclusiva. Como essa bonita idéia nasceu certa e cresceu torta. Após uns anos praticando a inclusão, sinto que um debate é necessário. Desejo ouvir vozes dissonantes dessa mesmice, desse discurso pronto. Quebrar os dogmas. Muito se cochicha na sala dos professores e pouco é dito em voz alta. Vou filosofar um pouco sobre ideologia, sobre política educacional. Creio representar a voz da criança incluída, a mais interessada e a menos ouvida. Estou com ela ao escrever estas linhas.
Não tenho alunos com deficiências físicas. Sobram-me, entretanto casos de hiperatividade, dislexia e déficit de atenção. Começemos. A ala verde - Xiita (Spiral Dynamics - http://bcpandre.blogspot.com/2008/07/memes_17.html) da educação inclusiva festeja: Vamos incluir a todos. A todos, desde que você concorde com eles. Experimente discordar para ver o que acontece. Os defensores mais vorazes da inclusão não dão aulas. Podem se dar ao luxo de um romantismo - idealismo que está à quilometros do caos da sala de aula. O subtexto da lei da educação inclusiva segue a cartilha da vitimização: Prega que pessoas com necessidades especiais são discriminadas na sociedade. Foram lesadas e devem portanto ser reçarcidas. A política da inclusão é mobilizada por essa mea - culpa reparadora. É uma concessão benevolente: Nós, a sociedade, batemos muito na pobre coitada. Vamos deixá-la brincar um pouco com as crianças normais no lado iluminado do parque. Há arrogância mal disfarçada, e preconceito recalcado. Não valorizamos realmente o diferente. Concedemos a ele o direito de estar em nossa nobre companhia. É a mesma burrice por trás das cotas raciais nas universidades, que, com a desculpa inclusiva, exacerbam o racismo, ao invés de combatê-lo. O diferente deveria ter o mesmo valor aos olhos da sociedade e da lei. Longe disso. Se assim fosse, não haveria tanto mal estar ideológico com a idéia das escolas especiais. Aprender a valorizar o diferente sim, mas não à custa de seu bem estar nem fingindo que não há diferença. Olha o equívoco Xiita básico: A premissa de que a diferença desvaloriza a criança. A criança com necessidades especiais deveria estar desde sempre em contato lúdico com a comunidade. Mas na sala de aula? Minha prática me obriga a questionar. Não dá certo. Sentimos isso claramente, eu e meus colegas educadores, que com medo não falam sobre o assunto. É frustrante para um educador honesto dar seu máximo e ver que não foi suficiente. A lei mudou, o sistema não. A lei inclui e o sistema exclui, como tudo no Brasil. O que isso faz com a criança? Agrava seu sentimento de exclusão. Ela se sente inferiorizada quando percebe, por exemplo, que não acompanha o ritmo da classe. Aumenta também o preconceito dos outros alunos, pois estes se ressentem dos privilégios concedidos (como mais tempo para terminar uma prova, do atraso geral da matéria, do tratamento “café com leite”, etc.). O tratamento diferenciado indulge a criança incluída, que aprende rápido a manipular sua condição para tirar vantagens. Esse trato especial gera inconsistência pedagógica ( Se ele pode eu também posso) e mina a confiança e senso de justiça na relação professor – classe (Porque ele pode e nós não?) . Meu ponto central: As crianças têm necessidades especiais que não estão sendo cuidadas, não importa quão maravilhoso seja o professor. Ao seguirmos a cartilha, fechamos os olhos na prática para essas necessidades. Um paraplégico não deve abandonar a cadeira de rodas para subir escadas com o resto da turma. Ele não vai conseguir e a turma vai se atrasar. O paraplégico precisa é de uma rampa! (Exemplo explêndido de um colega educador). O que me assusta nos defensores da educação inclusiva é a recusa sistemática em reconhecer benefícios na abordagem das escolas especiais. A recusa em perceber a diversidade de situações, de reconhecer que às vezes incluir é bom, às vezes não é. Em reconhecer que escolas especiais podem atender melhor as necessidades, não suas ou minhas, mas daquela criança. A lei da inclusão disfarça o real desinteresse do estado pelo assunto. Assim como patrocina um sistema carcerário que mantêm bandidos na rua para não ter que investir em cadeia, o estado patrocina a educação inclusiva para não ter que investir em escolas especiais caras e que requerem gestão. Colocando todos no mesmo saco, fica melhor para todo mundo. O estado gasta menos, a escola ganha mais, os profissionais da área (psicopedagogia, psicologia educacional e afins) garantem mercado. Estamos esquecendo alguém? Ah, sim, as crianças... O professor que se vire com elas. Se quiser debater estarei aqui. Saudações politicamente incorretas
Não tenho alunos com deficiências físicas. Sobram-me, entretanto casos de hiperatividade, dislexia e déficit de atenção. Começemos. A ala verde - Xiita (Spiral Dynamics - http://bcpandre.blogspot.com/2008/07/memes_17.html) da educação inclusiva festeja: Vamos incluir a todos. A todos, desde que você concorde com eles. Experimente discordar para ver o que acontece. Os defensores mais vorazes da inclusão não dão aulas. Podem se dar ao luxo de um romantismo - idealismo que está à quilometros do caos da sala de aula. O subtexto da lei da educação inclusiva segue a cartilha da vitimização: Prega que pessoas com necessidades especiais são discriminadas na sociedade. Foram lesadas e devem portanto ser reçarcidas. A política da inclusão é mobilizada por essa mea - culpa reparadora. É uma concessão benevolente: Nós, a sociedade, batemos muito na pobre coitada. Vamos deixá-la brincar um pouco com as crianças normais no lado iluminado do parque. Há arrogância mal disfarçada, e preconceito recalcado. Não valorizamos realmente o diferente. Concedemos a ele o direito de estar em nossa nobre companhia. É a mesma burrice por trás das cotas raciais nas universidades, que, com a desculpa inclusiva, exacerbam o racismo, ao invés de combatê-lo. O diferente deveria ter o mesmo valor aos olhos da sociedade e da lei. Longe disso. Se assim fosse, não haveria tanto mal estar ideológico com a idéia das escolas especiais. Aprender a valorizar o diferente sim, mas não à custa de seu bem estar nem fingindo que não há diferença. Olha o equívoco Xiita básico: A premissa de que a diferença desvaloriza a criança. A criança com necessidades especiais deveria estar desde sempre em contato lúdico com a comunidade. Mas na sala de aula? Minha prática me obriga a questionar. Não dá certo. Sentimos isso claramente, eu e meus colegas educadores, que com medo não falam sobre o assunto. É frustrante para um educador honesto dar seu máximo e ver que não foi suficiente. A lei mudou, o sistema não. A lei inclui e o sistema exclui, como tudo no Brasil. O que isso faz com a criança? Agrava seu sentimento de exclusão. Ela se sente inferiorizada quando percebe, por exemplo, que não acompanha o ritmo da classe. Aumenta também o preconceito dos outros alunos, pois estes se ressentem dos privilégios concedidos (como mais tempo para terminar uma prova, do atraso geral da matéria, do tratamento “café com leite”, etc.). O tratamento diferenciado indulge a criança incluída, que aprende rápido a manipular sua condição para tirar vantagens. Esse trato especial gera inconsistência pedagógica ( Se ele pode eu também posso) e mina a confiança e senso de justiça na relação professor – classe (Porque ele pode e nós não?) . Meu ponto central: As crianças têm necessidades especiais que não estão sendo cuidadas, não importa quão maravilhoso seja o professor. Ao seguirmos a cartilha, fechamos os olhos na prática para essas necessidades. Um paraplégico não deve abandonar a cadeira de rodas para subir escadas com o resto da turma. Ele não vai conseguir e a turma vai se atrasar. O paraplégico precisa é de uma rampa! (Exemplo explêndido de um colega educador). O que me assusta nos defensores da educação inclusiva é a recusa sistemática em reconhecer benefícios na abordagem das escolas especiais. A recusa em perceber a diversidade de situações, de reconhecer que às vezes incluir é bom, às vezes não é. Em reconhecer que escolas especiais podem atender melhor as necessidades, não suas ou minhas, mas daquela criança. A lei da inclusão disfarça o real desinteresse do estado pelo assunto. Assim como patrocina um sistema carcerário que mantêm bandidos na rua para não ter que investir em cadeia, o estado patrocina a educação inclusiva para não ter que investir em escolas especiais caras e que requerem gestão. Colocando todos no mesmo saco, fica melhor para todo mundo. O estado gasta menos, a escola ganha mais, os profissionais da área (psicopedagogia, psicologia educacional e afins) garantem mercado. Estamos esquecendo alguém? Ah, sim, as crianças... O professor que se vire com elas. Se quiser debater estarei aqui. Saudações politicamente incorretas
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4 comentários:
Andre! Concordo plenamente com você em praticamente tudo o que você disse nesse post, que, por sinal, adorei. Mudando de assunto...
Desculpa mandar isso por aqui, mas é o único jeito.
Um amigo fez uma base no violão e pediu para eu trabalhar com um solo de flauta em cima. Preciso de ajuda, algumas idéias, críticas sobre o que já fiz. Você poderia me ajudar? Qual o seu e-mail? Obrigadaa! Bjão! Babi.
André, dei de cara com ele a partir do link em um e-mail (fazia tempo que não passava por aqui, enrolando pra começar um internal assessment de geografia...) e, caramba, excelente texto teórico!
Minha experiência é de Educadora Especial.
Vivemos na era das especializações. Para todos os casos e situações existe um estudo especifico e um tratamento diferenciado.
- Crianças Especiais necessitam Atendimento Especial -
Isto não é discriminação, mas um olhar cuidador ao indivíduo. Saber ouvi-ló, poder compreender suas subjetividades, entender as entrelinhas de seus pensamentos e comportamentos, e apartir daí, apoia-lo e suportá-lo a ir para a vida mais capaz e confiante.
Existem muitos discursos e ideologias. Muitos olhares,mas não há como negar as diferenças. A quebra do preconceito é ir além da dificuldade de aceitar o diferente, o especial, mas não em negar suas necessidades especificas.
Concordo contigo André.
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