• De Template" style="width: 750px; height: 250px;" />

    Música

    Música

    Música Acústica, Digital, Músicos, Internet, Composições, Gente Interessante

  • De Template" style="width: 750px; height: 250px;" />

    Cognição

    Análise Crítica

    Desenvolvimento Cognitivo, Ensaios, Resenhas, Releituras, Crônica, Prosa e Poesia

  • De Template" style="width: 750px; height: 250px;" />

    Educação

    Educação

    Projetos Pedagógicos, Ciclismo, Política e Cidadania, CAS - IB

  • De Template" style="width: 750px; height: 250px;" />

    Psicologia

    Psicologia

    Ken Wilber, Autoconhecimento, Pathwork, Wilhelm Reich, Spiral Dynamics

  • De Template" style="width: 750px; height: 250px;" />

    Meditação

    Meditação

    Meditação, Espiritualidade, Integral Practice, Budismo, Shambhala

terça-feira, 22 de abril de 2008

Quanto falta?


Pierre Weil no livro "Holística: Uma nova visão e abordagem do real" (esgotado na editora) perguntou: "É possível iluminar-se espiritualmente vivendo numa cidade grande do final do século XX"? Alan Wallace em "The Attention Revolution" ( sem tradução ainda) parece endereçar-lhe resposta. Alan é monge tibetano legítimo. Esteve sob responsabilidade direta do Dalai Lama. Também é físico e PhD em Estudos Religiosos pela Universidade de Stanford, além de criador do Santa Barbara Institute for Consciousness Studies.

Para Alan, o progresso da meditação depende do que chama de "a Boa Prática". O Aumento da qualidade e da intensidade de sua atenção. É como se ela precisasse de um “upgrade”. Ela tem normalmente, digamos, 10 “megapixels” de definição. Com a “boa prática”, sua atenção pode chegar a 1000 megapixels e além!Alguns cientistas defendem a tese de que o grau de atenção de uma pessoa é inflexível ao longo de sua vida.
Alan acha que a atenção humana pode não só mudar, mas mudar dramaticamente!"É espantoso como a importância de uma atenção focada é desconsiderada tanto pela ciência quanto pelas tradições budistas", afirma. "A qualidade de nossa atenção influencia em tudo o que fazemos".Alan conta sua trajetória, desde 1972 até hoje. Intérprete do Dalai Lama por dez anos conheceu figuras interessantes em suas viagens (como o ermitão que meditava em solidão nas montanhas há mais de vinte anos). Voltou aos EUA, graduou-se. Continuou a meditar e estudar. Viveu dois anos em retiro na Índia, e mais dois anos em retiro nos EUA.
O livro traz dados sobre os benefícios da meditação a portadores de déficit de atenção (ADAH). Afirma que os medicamentos não curam, apenas suprimem os sintomas, além de apresentarem efeitos nocivos à saúde. A medicação pode ser útil quando integrada a outras técnicas de tratamento, e usando a meditação como carro chefe.O livro disserta sobre como a construção da realidade é afetada pela atenção. “A realidade que se apresenta a nós não tanto é o que está lá fora de fato, quanto àquela cota a qual prestamos alguma atenção”.Desfaz o mito da pessoa que consegue realizar muitas tarefas ao mesmo tempo: "Não existe esse negócio de conseguir fazer bem muitas tarefas simultâneas. A experiência de atender a múltiplas coisas ao mesmo tempo é uma ilusão". Gostaria de presenciar um debate entre Wallace e minha mulher sobre o tema...
As técnicas ensinadas neste livro vêm do Budismo Indiano e Tibetano.
O livro revela algumas divergências internas do Budismo. Assuntos polêmicos pendentes de consenso há eras. Pensou o mesmo? Pois é... Budistas também gostam de uma polêmicazinha...Wallace usa a mais completa descrição dos estágios de meditação que conheceu em seus estudos: O clássico texto budista de Kamalashila (Indiano do Século 18 - Significa “Estágios da meditação”). Há muitas versões de estágios em meditação. Há textos que mencionam 190 etapas que o meditador atravessa antes de alcançar a iluminação final. O Kamalashila utiliza uma versão em dez estágios. Dez degraus na escada para o céu. Só que esta escada (ao contrário da outra mais famosa) te leva para lá para valer!Usando Kamalashila como guia, podemos saber onde estamos ao longo do caminho meditativo; O que devemos provavelmente estar fazendo quando chegar ao próximo estágio, e o que procurar quando chegarmos lá.
Os dez estágios são seqüenciais. Começam com a mente que não consegue focar por mais de três segundos, e termina com um estado de sublimidade sustentado por horas. Progredimos alcançando formas cada vez mais sutis dos principais obstáculos: Agitação e letargia mental. O sucesso em cada estágio sucessivo é acompanhado por um claro sinal. E para cada estágio um tipo de prática.
Até o estágio quatro, o autor recomenda a técnica de “prestar atenção à respiração”. Do estágio cinco ao oito, ele muda para a técnica “Mantendo a mente em seu estado natural”. Para os últimos estágios, muda de novo: “Shamatha sem objeto”.
"Muitos vão tirar grandes benefícios em sua vida atribulada apenas alcançando o nível dois. Para a maioria das pessoas, alcançar o estágio três vai requerer um grande nível de compromisso como passar uma hora ou duas todos os dias meditando. Os estágios mais avançados que o três são para aqueles que desejam passar meses ou até anos em retiros ou ambientes propícios à prática. São para aqueles que recebem ou percebem uma vocação de vida para isso."No estágio nove nossa mente está livre de todas as flutuações mentais, mesmo as mais sutis. Já é possível focalizar a mente num mesmo objeto sem distração por até quatro horas!
Quanto tempo leva para alcançar Shamatha se você está bem preparado, bem treinado, pratica diligentemente e continuamente em ambiente propício, com bons companheiros e professor qualificado ?
Professores na Índia contam que um monge ótimo pode conseguir Shamatha em três meses. Um monge médio pode demorar seis meses e um pouco talentoso pode levar até nove meses. "Isso pode ser verdade para um monge que tem treino em ética há muitos anos", discorda Wallace. "No mundo moderno", continua, "essa previsão parece por demais otimista". Considere cinco mil horas de treino, com 50 horas semanais (7 horas por dia) por 50 semanas. Esse é o tempo para se alcançar alto nível de habilidade. São dois anos meditando 7 horas por dia sem parar! Alan continua: "Para se alcançar um nível excepcionalmente alto de maestria, 10 mil horas podem ser necessárias". Dadas as diferenças culturais é impossível predizer quanto tempo pode levar. Alan relata um caso nos EUA: "Ao final de um retiro de um ano com Gen Lamrimpa em 1988, um meditador sentou quatro sessões de três horas por dia. Outro sentou duas sessões de sete horas. Nenhum deles alcançou Shamatha, mas ambos fizeram muito progresso. Quando voltavam das sessões, sentiam como se o tempo não tivesse passado, e seus corpos estavam tomados com sensações de felicidade e relaxamento."E há transformações físicas, quando se está à beira de Shamatha:
Sensações de peso na cabeça, como se tivesse uma "mão sobre sua careca". Mudanças incríveis devem estar ocorrendo no cérebro/região cortical. O momento sublime da iluminação, segundo Alan, nunca foi monitorado cientificamente. As Mudanças no sistema nervoso (e na rede de energia vital) estão ligadas à superação definitiva das nossas aflições mentais: Rigidez, severidade, dureza, rigor, obtusidade. Nada disso nunca mais voltará a incomodar.Atinge-se um estado de adaptabilidade em que sua mente está em forma e em prontidão como nunca antes.
A resposta de Alan à pergunta de Weil é "Não". Não é possível se iluminar numa cidade grande". Iluminação é assunto sério. É a coisa mais difícil de alcançar.
A contribuição da obra é excepcional. Vemos por dentro as nuances, detalhes e diferenças do programa monástico. Se você, como eu, pratica meditação e já considerou a idéia de se tornar monge, o livro é indispensável. Ensina a dar os passos certos e a fugir das armadilhas.
Quanto falta para sua iluminação espiritual? Falta muito, amigo. Você não tem idéia!

Para comprar o livro,

Para um resumo, acesse
Ou na barra lateral "Ensaios, resenhas, releituras".
Mãos em prece.

Nenhum comentário: