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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Esbaforido

A melhor decisão que tomei na viagem ao Canadá foi comprar uma bike. Vancouver é uma cidade muito americana, com highways de 5 faixas e predominância do automóvel. Não obstante, seu centro expandido oferece uma abundância de ciclofaixas e ciclovias.
Como toda minha área de interesse estava nesse centro, fui aos lugares que quis e que não quis pedalando.
Antes de viajar Googlei Bike + Vancouver. Fuçei lojas, modelos, preços e opções. O aluguel de uma bicicleta sai em média 10 dólares a hora. Para uma semana média de 85 dólares,
Avaliei comprar e trazer uma Downtube, ótima e barata bike dobrável americana.

Com taxa de entrega para o Canadá (80 dólares) mais as taxas de transporte de Avião (100 dólares) ficou caro. Já tenho uma Dahon dobrável, aro 26. Poderia usar a Downtube aro 20 no metro e na CPTM para ir ao trabalho em São Paulo. Paciência.
Descobri na internet uma ONG na University of British Columbia (UBC) chamada The Bike kitchen que reforma, recicla e negocia Bikes baratas.

O legal é que eles vendem e compram de volta a sua bike por metade do preço. Boa opção para quem passa pouco tempo na cidade.
Desisti da Downtube e viajei decidido a comprar uma Bike de segunda mão na ONG. No primeiro dia contei meu plano ao Wili, meu anfitrião. Ele me alertou que a cidade vive um surto de roubo de Bikes. Contou -me que a bike de seu filho foi furtada há poucas semanas. Quando vi a promoção de Bikes K2 de 18 marchas na loja SportCheck, no Metrotown, pensei: Talvez o Willi se interesse por esta quando eu viajar. A Bike de 300 dólares saía por 200. 

Bicicletas de 18 marchas possuem três rodas dentadas com seis velocidades para cada uma. O controle de troca das rodas dentadas fica na mão esquerda. Geralmente consiste em três posições, uma para cada roda dentada. O seletor da mão esquerda dessa Bike tem 9 posições. Três para cada roda dentada, o que permite o ajuste fino perfeito da corrente entre as rodas dentadas e os descarrilhadores traseiro e dianteiro. Barulhinho da corrente arranhando nunca mais. liguei do balcão da loja para o Willi e perguntei se ele teria interesse em comprar de mim por $100. Willi me encontrou na loja, estudou a bicicleta. Negócio fechado. Saí do Shopping pedalando e fui para rua passear.


Explorando a cidade

Nesses vinte e poucos dias estabeleci três esquemas:

a. Chegava cedo em casa, jantava e descansava meia hora. Saía para explorar as redondezas e áreas de subúrbio. O mapa que o Willi me emprestou me salvou de estar perdido várias vezes.

b. Acordava mais cedo. Entrava no metrô antes das 7h para fugir do horário de pico. À tarde, após a aula, pedal em Downtown.

c. Finais de semana. Por seis dias (Duas sextas, dois sábados e dois domingos) não parei em casa. Saía de manhã e voltava à noite. Nas Segundas feiras estava irremediavelmente esbaforido e feliz. Terça recarregava as energias e quarta estava novinho em folha, pronto para outra.

Já no segundo dia com a Bike fui ao Central Park de Burnaby. Sem conhecer direito o lugar resolvi pedalar num gramado lisinho e convidativo. Quando vi estava no meio de um campo de Golfe local. Cruzei rapidinho ouvindo as tacadas. Imaginava bolinhas zunindo próximas ao meu ouvido. 
Em Downtown andava por todos os lados. Numa sexta à tarde saí da biblioteca pública em direção à Robson street A caminho mudei de ideia e resolvi filmar a ciclovia de duas mãos no sentido norte sul que havia passado no dia anterior. Atravessei o pátio em obras, na altura da loja da Sears, desmontado. De – repente algo (um pássaro provavelmente) defecou na minha calça de nylon. 




Voltando de Grandville Island, cruzei a Burrard Bridge e me lancei no trânsito da Burrard Street, à caminho da lojinha de conveniência do Paquistanês, na Hastings Street. Ele tem um note book velho que eu usava para ligar para casa via Skype. 




Explorei bairros mais pobres em North Vancouver para além da Lions Gate Bridge. Mesmo ali longe do centro encontrei boas ciclovias, e um pessoal menos educado.

Atravessei a Lions Gate Bridge voltando de North Vancouver. A Lions Gate é a ponte mais bonita da cidade. Num estilo Golden Gate, oferece uma bela vista de Downtown e do Stanley Park.

Cruzei pedalando todas as pontes que encontrei. As calçadas das pontes são compartilhadas por pedestres e ciclistas. A sinalização vai no chão. Em South Vancouver, explorei Queensboroug e a região próxima a Cambie Street, ao longo da Canada Line do Sky Train. Passei um dos meus sábados pedalando na UBC, onde meu amigo Juliano trabalhou. A universidade se localiza numa encosta rochosa com muitas praias. Curioso, saí explorando uma das ruas e fui dar num parque junto ao mar, com vista para North Vancouver no lado oposto da baía.

Sea Wall



De tudo o que fiz no Canada, descobrir a ciclovia que circunda Downtown foi a experiência mais legal. É possível circundar completamente Downtown sem sair das ciclovias. Sair pedalando na ciclovia em frente ao Canada Place, circundar o Stanley Park, passar por English Bay, entrar em False Creek, passar pelo estádio, Science World, seguir pedalando até a entrada de Grandville Island. O melhor passeio da viagem. É de tirar o fôlego. Dá para alugar uma Bike por um dia por $25 e fazer. Imperdível. O roteiro completo tem 40 Km. Filmei tudo e postei noYoutube. Está pronto? Você vai precisar da tarde inteira para ver tudo. Sairemos da ciclovia que margeia a Sea Wall em Downtown. Do Canada Place em direção ao Stanley Park.



O Canada Place é um lugar amplo, onde está a Tocha Olímpica. Um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. A ciclovia, paralela ao passeio para pedestres, margeia a face norte de Downtown passando por uma infinidade de parques, bares, iates e aviões. Entramos no Stanley Park e ficamos mais em contato com o mar e com o verde.



A ciclovia segue contornando o desenho do parque à esquerda pela beira do mar. O ambiente fica menos agitado e começamos a relaxar com o cheiro e o som do mar batendo na Sea Wall.
Mais à frente descemos da bicicleta e seguimos à pé. É uma área de recreação com banheiros e brinquedos. Não demora muito e avistamos a bela Lions Gate Bridge, emoldurada pelas Grouse Mountains ao fundo.

Passamos embaixo da Lions Gate Bridge e seguimos por uma encosta de pedras e barro, um pouco mais estreita e perigosa. A cidade desaparece completamente, para reaparecer mais à frente, numa pequena praia.



O trecho final da ciclovia no Sea Wall do Stanley Park contorna à esquerda, de volta a Downtown, southwest side. A ciclovia faz uma pequena curva para preservar a árvore que estava no caminho.


Passamos por uma piscina pública, abandonamos a Sea Wall para contornar uma área recreativa do Stanley Park. Viramos à direita mais à frente para retornar à praia. Saímos do parque e encontramos a melhor praia da cidade. A English Bay.





Às 19h tem gente chegando na praia, com isopor, criança e chapéu. Seguimos pedalando na ciclovia em direção a False Creek. Já dá para ver a Burrard Bridge e mais atrás a Grandville Bridge. Do outro lado desta última está Grandville Island, nosso destino final. Uma família me ultrapassa. Reparo no carrinho de bebê rebocado, estilo charrete.





Mais à frente o caminho fica curvo, acompanhando o beira mar. Bares e restaurantes se misturam a iates, pontes e arranha – céus na paisagem. O Aquabus cruza a baía levando turistas. Minha curiosidade me impele a seguir em frente.



Do nosso lado esquerdo Downtown revela sua parte mais exuberante, com parques e condomìnios, postos de embarque do Aquabus, um barquinho com toldo colorido que faz a travessia de False Creek por $3. O dia está muito bonito e não dá para ficar em casa.


Estamos nos aproximando do estádio dos Canucks. Como é verão ele está sem a sua famosa cobertura branca. Aproximamo - nos do fundo da Baía de False Creek e começamos a virar para a direita acompanhando a Sea Wall.


Conheci o lado leste da ciclovia do Sea Wall de False Creek na última semana. Tive uma epifania quando percebi que havia mais. Que não havia terminado. Pedalei este último trecho em êxtase. Parti das imediações de Science World às 19h35, com sol de frente.


Os pisos variam entre pedra e asfalto neste trecho. O sol está mais baixo. Iates do meu lado direito. Não se escuta o barulho de carros. Só ar puro, as Bikes e o som do Mar batendo na Sea Wall. Parecem impossíveis os lugares de tão bonitos, mas ele insistem em se revelar.


No trecho final com a luz escassa, os parques vão mudando de nome ao longo da ciclovia. Paro aos pés da Grandville Bridge, na entrada de Grandville Island. Fim da linha. A ciclovia ainda segue por West Vancouver até UBC. Está escuro. Pedalei os 40 Km. Hora de voltar para casa, em Burnaby. Hora também de voltar para o Brasil, em mais alguns dias.


No último dia esperava o sinal abrir na Royal Oak Avenue quando notei um ciclista com muitas bolsas pedindo informações no Skytrain. Queria chegar em Main Street. Fui até ele e sugeri um trajeto. Agradeceu e me contou que vinha de Montreal pedalando. Cansado, queria chegar logo. Sugeri então descer direto pela Kingsway Street. Uma honra conhecê -lo. Disse, desejando boa sorte, já subindo na minha Bike em direção à minha casa. Ao chegar, chamei o Wili. Vendi a K2 por 100 dólares. Fui para Queensborough na mesma tarde e gastei os $100 em presentes. Espero que meus queridos amigos de Vancouver não abandonem minha companheira de guerra num canto da garagem. 
 
Boas pedaladas.

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