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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre as origens deste Blog - Parte três

Sempre preferi o lado mais abstrato da vida. Música, espiritualidade, leitura, conhecimento, mundo interior. Sou um sujeito avoado. Se algo não tem existência sólida, é boa a chance de eu dar um click no botão curtir. A materialidade das coisas por outro lado me é um desafio permanente. Costumo desconfiar de tudo que faz sombra. Disseram - me certa vez:  Você já nasceu mas ainda não encarnou! Se houve um tempo em que fui confrontado com o desafio da encarnação foi este. Deu -se ali na minha troca de peles da adolescência para adultidade. Foi um tempo de aprender na porrada e de viver intensamente. Foi o fim da era do faz de conta. A vida, ficava claro, era uma coisa muito séria.

Os anos entre 83 e 86 foram os que declarei ao mundo quem mandava no território da minha vida. Fugi de casa duas vezes em nome dos meus sonhos. Tais atos hoje em dia parecem não fazer mais sentido. Sinto - me um pouco tolo em declará -los. Naqueles anos não. Havia romantismo em se fugir de casa. Ter enfrentado os desafios que contarei deu - me a auto-confiança que me redefiniu e a tudo mais que se seguiu.

Aos dezessete eu não tinha a vaga idéia sobre qual faculdade escolher. Queria ser músico, mas era incapaz de assumir tal desejo. Não ousava frustrar as expectativas familiares. Em 1983 não havia cursos senão para música erudita. E decidir sobre minha profissão não era parte das minhas prioridades, que se resumiam a tocar, viver e amar. Acabei escolhendo mal o curso de Publicidade e Propaganda, um tipo de média aritmética entre tudo o que eu gostava. Entrei no curso noturno da ECA - USP.  Meu plano soava justo: Dou a meus pais minha presença neste curso e em troca eles me liberam para fazer música.  Só esqueci de checar se as partes envolvidas concordavam. Tive no ano seguinte as primeiras experiências como músico e compositor. Toquei em bandas em festivais mundo afora, enquanto empurrava o curso com a barriga. Minha postura individualista não passou despercebida em casa e a paciência deles comigo se esvaiu. Já tínhamos pouco diálogo. Não entendo como não antevi o final dessa história.

Alheio ao meu entorno, explorei meu lado autoral em parceria com a cantora Denise Mello. Desse período é a canção A terra é nossa, postada no meu Myspace. Na paralela tocava viola caipira na banda do Carlos Henrique Polly com meus parceiros Esteban Paschoal e Paulinho Grassman. Viajamos pelo interior de São Paulo. Numa dessas viagens comecei a namorar a Gis, que hoje é minha mulher. Durante o namoro de dois meses pude ver como sua vida era extraordinária. Ela estudava Artes plásticas na universidade, trabalhava numa agência e pagava seu aluguel. Tudo sozinha, aos vinte anos de idade, sem ajuda de ninguém. Nunca tinha visto nada parecido. Queria eu ser capaz de tal façanha. Observá -la me inspirou e deu coragem para os enfrentamentos que aguardavam ali na esquina.

Após um ano de faculdade e viagens papai decidiu que era hora de dar um basta. Uma noite recolheu meus instrumentos (que comprei com meu dinheiro) e me deu um ultimato: Ou assume para valer o curso de Publicidade ou os violões permanecem confiscados. O que se seguiu foi uma violenta discussão entre papai e eu, para desespero do resto da família. Gritos, ameaças, destemperos de parte a parte. Quando papai me chamou para o pau fechando os punhos resolvi sair de casa. Para não voltar mais. Corri pela rua até parar numa rua ali perto. Deviam ser onze da noite. Murmurei para Deus: Se a Gis consegue eu também consigo. Trazia no bolso a carteira e uma ficha. Precisava agora de um orelhão.

Dormi a primeira noite na casa do Polly. Na segunda noite uma amiga da faculdade me ofereceu sua casa (e seu corpo ;D) por duas semanas. 


Dias depois papai voltou atrás e me procurou na faculdade. Pediu desculpas e devolveu minhas coisas. Acabou me levando para Chicago onde ficamos um mês. Para tentar conversar, justificou. Idéia, aposto, da mamãe.

Passeamos mais que conversamos. Ao retornar de viagem nada seria como antes. Forjei um novo mapa de poder familiar. Minha opinião passou a ser respeitada. Ninguém sabia mais como me tratar; Ficaram cheios de dedos comigo. Retomei de pronto meus projetos musicais, sem mais brigas e tendo (mais) respeito de meus pais.

Mas a vida teimava em não ser como eu queria e em meados de 86 afundava em mais uma crise. Com a desvantagem de não poder mais botar a culpa nos meus pais. Montei uma banda, um trio maravilhoso durante o verão de 85 - 86 no Guarujá. Guitarra - Baixo - Bateria. Consegui uma casa para ficar e ensaiar na Praia da Enseada, em frente a Brunela. Apostei todas as fichas no projeto mas ele durou até março. Os meninos optaram em voltar para casa dos pais e estudar para o vestibular. Minha decepção me consumiu. Soube pegar o touro pelo chifre quando precisou, mas não soube lidar com essa frustração. Segurei a banda dos meus sonhos na mão e ela esvaiu - se por meus dedos. Vi - me amargurado aos 19 anos. Considerei largar a faculdade. Minhas músicas do período são cheias de niilismo, cinismo, raiva do mundo. Estava com medo. 

Papai soube que teria que ser mais uma vez operado do coração em abril. Seria sua terceira vez e sabíamos que seria a última. A válvula cardíaca que ele usava era feita de tecido suíno e não oferecia mais reposição, após duas trocas. Ele se viu obrigado a instalar uma válvula francesa, que ele não queria . Apesar do som de tic - tac absurdo que nos enlouquecia, a experiência da nova válvula ajudou papai a amolecer seu coração no último ano da sua vida.  Inseguro e assustado, refugiei - me nos livros. Na biblioteca Presidente Kennedy, próxima a minha casa encontrei a obra completa do Carlos Castaneda disponível para empréstimo. Devorei todos os livros em três meses. Papai voltou da cirurgia com um pouco de hemorragia. Estava mais ou menos bem. Preparamos seu quarto para o repouso pós - operatório de um mês. Enquanto todos se preocupavam com papai, eu de novo só pensava no Nagual. Desta vez não estava para brincadeiras. No  fim do ano saí para passar uns dias na Bahia e arrefecer. Voltei dez meses depois completamente transformado.

Continua..

4 comentários:

Jefferson Garrido disse...

É isso ai André, está seguindo rápido!
Aguardando...

abraço

Andre Barreto disse...

Valeu Jeff. O texto está andando porque ainda não acabaram minhas férias. Já essa moleza vai acabar rsrs. Abs

Meire Marion disse...

I really liked the changes you have made!!!

Andre Barreto disse...

Hi Dear. I guess you mean in the text, right?
Yeah, I keep changing it until it fits in what i really want to say. Sometimes it is a hard work. THanks for sharing. I look forward to see you again. Cheers!