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terça-feira, 26 de julho de 2011

Caderno 2

Foto: Jasper Sloan Yin 
Não contei como me relacionei com  a Cultura no Canadá. Não poderia finalizar sem escrever sobre Música e Artes, minhas áreas de interesse. Se Vancouver contasse com poucas opções culturais, mas não é o caso.  Fui a museus, assisti filmes, ouvi radio, comprei livros. Para me livrar de vez do Canadá preciso contar essa última história.


Livros

Descobri a espetacular Biblioteca Pública na terceira semana da viagem.


O prédio chama a atenção de imediato pela beleza da arquitetura. Não é permitido fotografar o espaço interno. A sessão de Música e Artes fica no sexto andar. Para testar o acervo , procurei partituras para Violão do Alaudista Francesco de Milano. A Biblioteca não passou no teste. Nenhuma partitura do cara. A bibliotecária sugeriu procurar na faculdade de música da UBC. Passei três tardes debruçado sobre livros de música pesquisando vocabulário.

http://www.youtube.com/watch?v=n6PH6QD_H-o

Há dois bons Sebos próximos à esquina da Pender Street com a Richards street. Dá para sentar no chão e passar horas. Encontrei bons livros sobre Design e Artes Visuais a partir de 10 dólares. Para livros de Arte a loja que fica bem na esquina das duas ruas é melhor. Comprei dois livros. African Designs from traditional Sources, de Geoffrey Williams e Euro Menu, de Marianne Wachholz e Gretel Weiss. O último um estudo de casos sobre menus em restaurantes europeus. Barganhei e paguei 30 dólares pelos dois. Há poucas Livrarias em Downtown. A maior encontrei no Metrotown. A rede Chapters


Estilo megastore. Achei a loja fraca. Procurava uma revista espanhola chamada Texitura, que é cara no Brasil. Só achei revista de fofocas.

Museu de Antropologia - UBC  


Quis visitar o museu assim que ouvi falar. Ele não me decepcionou. Custa 14 dólares, com a carteirinha de estudante. Com um projeto arquitetonico peculiar em que o teto respeita a altura das peças expostas, seu salão principal expõe a cultura dos Canadians First Nations. Fui no sábado e acompanhei o tour explicativo com uma hora de duração. Começa às 14h. O site é ótimo e dá acesso a toda coleção. Destaque para os artefatos expostos de várias nações nativas da região. Totems, canoas, objetos do cotidiano e para cerimoniais. Aprendi sobre a mitologia e os costumes dos First Nations.

Vancouver Art Gallery


A Galeria de Artes da cidade fica no centro. Na esquina da Howe Street com a Georgia Street.Como estudante paguei 16 dolares. Visitei a exposição The Colour of My Dreams. The Surrealist Revolution in Art. A maior exposição sobre o tema que o Canadá já viu. 350 trabalhos de artistas líderes do movimento surrealista incluindo André Breton, Salvador Dalí, Max Ernst, René Magritte, Joan Miró, Alberto Giacometti, Leonora Carrington, Brassaï, André Masson e outros. Trabalhos incluem pintura, escultura, colagens, fotografia e cinema e oferecem uma visão abrangente do movimento. A influência do cinema sobre o movimento é pouco divulgado. Assisti alguns dos mais de 30 filmes do movimento exibidos. A exposição vai até setembro.

UBC


Antes de viajar liguei para o meu amigo Juliano. Ele foi pesquisador na área de agronomia na UBC. As coisas que ele me contou despertaram muito minha curiosidade em relação à Universidade. Ela é circundada por praias e um parque – floresta, o Pacific Spirit Park. A UBC tem sido usada como cenário para filmes. O Campus parou para ver Al Pacino filmar 88 minutes em 2008.


Infelizmente todas as faculdades estavam fechadas. Fui no sábado. Valeu o passeio de Bike. Fui conversando com o Juliano enquanto filmava o caminho.


Passei na UBC School of Music http://www.music.ubc.ca
Tinha esperança de flagrar um ensaio ou algum evento. Olhei pelo vidro. Nada. Tudo fechado e quieto.


Broadcasting

Há 30 canais de TV aberta do Canada Assisti a bons documentários no horário as 21h – 22h no Canal 26CBC News http://www.cbc.ca/news/


Ví um filme sobre a difícil vida conjugal de Abraham Lincoln, outro sobre a campanha Canadense na segunda guerra mundial e outro sobre a ascensão do site Wikileaks. Muito bom.

No Skytrain, para relaxar, ouvia a Fm 93, 7 - JR FM, depois de um dia puxado de estudos


Sempre gostei de Música Country. A sinceridade e ingenuidade das letras e a sonoridade artesanal. Cantarolava junto mirando os picos nevados em North Vancouver pela janela do Skytrain. Canções como Little Yellow Blanket de Dean Brody


e People are Crazy, de Billy Curiington


Internet

Quando fiz meu cartão para usar internet na Biblioteca Pública abandonei a ILAC como meu ponto de acesso principal. Em Vancouver não há Ciber Cafes ou Internet paga nas ruas. Todo mundo tem notebook e Iphone. Ninguém tem medo de usar esses equipamentos na rua ou em qualquer lugar. Há acesso Wi - Fi por toda parte. Encontrei uma loja de conveniência que me alugou um notebook para usar a Webcam na Pender Street mas não foi fácil. A melhor solução para internet é levar seu Notebook

Cinema e Arquitetura

Vancouver é o terceiro maior centro de produção cinematográfica da América do Norte. Mais de 160 filmes já foram rodados ali. O grupo de produtoras da cidade é conhecido como The North Hollywood. Alguns exemplos recentes de filmes que usaram a cidade como cenário incluem O Dia que a Terra Parou, Todo Mundo em Pânico, Wolverine,Arquivo X, Eu Robô, Watchmen, Rocky 4, Efeito Borboleta e muitos outros. A arquitetura antiga e moderna aliada a extensos parques e paisagens naturais barateiam os custos de locação. Seguem algumas paisagens conhecidas da cidade:

A famosa rua em Gastown foi cenário na cena inicial do clássico História sem fim.


A Biblioteca Pública na Richards Street voa pelos ares nesta cena de o Sexto dia, com o Arnold Schwarzenegger (2min45s)



O Sheraton Hotel na Burrard Street foi cenário da dramática cena do vôo do Anjo em
X Men 3 (1 min 25s)


O Marine Building também na Burrard Street é a residência do Quarteto Fantástico.


(Mais exemplos de filmes no link)



Música

Na última semana de junho aconteceu o Coastal Jazz Festival. Destaques para as apresentações de Paco de Lucia e Marlene Peyroux

Algumas apresentações eram de graça e rolavam na rua. Descobri sem querer dois palcos em Gastown. Enquanto um grupo tocava em um palco, o outro era preparado para a próxima apresentação.


Cheguei durante a apresentação de um trio de Jazz. Piano, Baixo e Bateria. Sentamos no chão de paralelepípedo. A tarde ensolarada. O povo feliz. A pianista japonesa não lembrou  o nome do compositor. Quem se importa?


Caminhei erraticamente até o segundo palco onde tive a mais grata surpresa musical da viagem. Jasper Sloan Yip. Um jovem compostor Asiático – Canadense que lembra o Herbert Vianna.

Viajei para o Brasil no dia em que começava o mais tradicional festival da região: O Vancouver Folk Music Festival em 15 a 17 julho


A Cena Folk na cidade é forte. Andando na rua ouvimos Folk Music em todos os lugares, a maioria com um cara só acompanhado ao violão. Chamou minha atenção a quantidade de música inédita e original sendo apresentada, sempre com um CD à venda no local. Estamos acostumados a ouvir covers, algo bem mais cômodo para o músico de rua ganhar algumas moedas. Vi uma família de orientais tocando Bach em Grandville Island. Gravei um trecho e segui meu passeio. Mais à frente perto do embarque do Aquabus dei de cara com este violonista solitário meio Dark, todo de preto, que destoava do entorno burguês. Uma criança começou a dançar.





Achei sem querer um Folk Festival no Stanley Park numa sexta à tarde.


Descia a Robson Street de Bike quando encontrei este improvável casal tocando na rua.


Observe a semelhança desse garoto com Neil Young. O estilo de seus amigos não combinava muito com o dele, mas a música que tocavam me fez ficar ali por meia hora.

http://www.youtube.com/watch?v=HE9lGucLZgw



Encontrei esse outro cantando suas próprias canções de forma competente em North Vancouver, próximo ao embarque do Seabus.





A maior loja de instrumentos musicais da cidade, a Tom Lee entrou em liquidação na última semana de junho. 


http://www.tomleemusic.ca/


Passei duas horas lá no sábado. Fui para a sessão de Violões Folks de Lutheria. Uma área de 200 metros quadrados com banquinhos para sentar e tocar. Experimentei muitos violões. Apaixonei -me por dois Mini Folks de dois luthieres Canadenses.

Um Art & Lutherie Top Antique Burst por 249 dolares.

E um Taylor GS Mini Acoustic Guitar por $499.


Era compra certa. Algum Anjo das finanças sussurrou no meu ouvido que eu já tinha cinco violões em casa e por alguma razão misteriosa consegui me segurar.
Fiquei enfeitiçado criando linhas de baixos naqueles bordões sonoros. Para não sair totalmente frustrado, comprei uma Gaita Hohner em A. 
Lá em casa também rolou um som. O Brian, filho do Willy, toca Piano. Numa noite ele apareceu com um violão Folk de 50 dólares e me deu para tocar. Ficamos até tarde tocando e falando sobre fraseado, rearmonização, escalas e improviso. Ensinei para ele o Cantaloupe Islan do Waine Shorter, e algumas escalas para improvisação. A Evelyn adorou Sons de Carrilhões. 

Enough Canadá. Trabalho depois de amanhã. Preciso chegar ao Brasil. Nos vemos por aí.

4 comentários:

Julianno disse...

Legal André, só agora vi o seu passeio pela UBC. Vc passou a meio quarteirão do meu ap. Logo depois daquele bosque, perto do estádio de futebol. Uma vez o Jack Johnson deu um concerto no estádio e ficamos eu, Claudia e as crianças ouvindo do lado de fora, numa noite muito gostosa. Pena que vc não desceu da UBC até Spanish Banks pela costa. A vista é deslumbrante. Fiquei mais de 3 anos em Vancouver. Abcs e um grande 2012 pra vcs todos.

Andre Barreto disse...

Nossa Juliano, que bacana. Imaginava que estava perto da sua casa, mas nunca imaginei estar tão perto. Durante todo esse dia fiquei com vc muito perto, pensando o tempo todo na sua vida aqui em Vancouver. Vc estava lá comigo, brother. Abração e ótimo 2012.

Anônimo disse...

Um abraço e grande 2012 pra vcs. Estamos indo ao aeroporto daqui a pouco. O Vitório vai passar um ano na Alemanha com a parentada da Claudia. Vamos ver se nos encontramos esse ano.

Andre Barreto disse...

Bom ano novo para vocês. Sim, vamos nos ver, Ju. Abs!